12/08/2020 às 12:00 Mercado Imobiliário

Juros baixos e isolamento social turbinam Mercado Imobiliário

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     Em tempos de pandemia, afetando saúde e economia, com queda brutal de empregos, renda e faturamento em diversas atividades, alguns setores parecem nadar contra a maré da retração. É o caso do mercado imobiliário, cujos indicadores não param de melhorar, mesmo após a chegada ao país da Covid-19.

Mercado imobiliário – Pesquisa divulgada pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), por exemplo, mostra que, em Maio, os financiamentos para a compra e a construção de imóveis somaram R$ 7,13 bilhões no país, crescimento de 6,5% na comparação com Abril e de 8,2% frente a Maio de 2019.

     Entre Janeiro a Maio deste ano, os empréstimos totalizaram R$ 34,08 bilhões, expansão de 23,2% em comparação com esses mesmos meses do último período. Já no acumulado de 12 meses (Junho de 2019 a Maio de 2020), o crédito alcançou R$ 85,13 bilhões, com alta de 30,5% em relação ao apurado nos 12 meses anteriores.

    Na capital mineira e em Nova Lima, também há aumento expressivo nas negociações. Levantamento divulgado em Junho pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-MG) apontou que, de Janeiro a Abril – portanto, já contabilizando os efeitos da pandemia da Covid-19, iniciada em Março –, as vendas de apartamentos cresceram 14,62%, em relação a igual período o ano passado. Na mesma base de comparação, os lançamentos apresentaram incremento superior a 100%.

     O destaque, especificamente em Abril, foi para a comercialização de imóveis novos de padrão standard (de R$215 mil até R$400mil), que subiu quase 20% em relação a março, e de padrão médio (de R$400 mil até R$700 mil), com alta de 5,412%.

   Segundo o advogado Kenio Pereira, presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG e especialista de ampla atuação no setor, o aquecimento, mesmo em meio à grave crise sanitária e econômica, não é algo contraditório ou surpreendente, como possa parecer. “A Selic, que já vinha caindo para favorecer a retomada econômica, despencou ainda mais por causa da pandemia, chegando a 2,25% ao ano e inviabilizando aplicações financeiras, sendo que muitas passaram a ter rentabilidade negativa. Investimentos de risco como a bolsa pouca gente se aventura a fazer. O caminho, portanto, são os imóveis”, diz ele.

   De acordo com o advogado, além de serem ativos bem mais seguros para o investidor, casas e apartamentos novos ou usados têm sido mais comercializados também em razão de questões comportamentais.

     “As pessoas têm mudado a forma de lidar com algumas questões na pandemia. Por exemplo, com o home office, fruto do isolamento social, muita gente começou a procurar residências com espaços que atendam a essa demanda”, disse, lembrando que imóveis com áreas descobertas, onde o morador pode tomar sol e respirar, também têm merecido maior procura.

Segurança financeira e efeitos da Quarentena motivam negócios no Mercado Imobiliário

       A conjugação entre a taxa de juros básicos da economia mais baixa da série histórica brasileira (2,25%), o que torna nada atraentes as aplicações financeiras tradicionais, e os efeitos da pandemia da Covid-19, alterando comportamentos sociais, explica, em boa parte, o “boom” vivido pelo mercado imobiliário.

     A advogada Maria Luísa Lacerda Barbosa foi uma das muitas pessoas a adquirir casas e apartamentos em Belo Horizonte, mesmo após o início da crise do coronavírus.Em março, ela e o pai, de quem é sócia em operações no segmento de imóveis, fecharam negócio na cobertura de uma viúva, no bairro Buritis, região Oeste da cidade.

     A motivação para isso em pleno período de retração econômica, além de engrossar a carteira de imóveis de ambos, foi escapar da baixa atratividade das demais alternativas de investimento. “Como está muito reduzido ou até negativo o rendimento da aplicação, temos direcionados os recursos à aquisição desses bens”, disse ela. “Cobertura nem é o melhor investimento para quem quer alugar o imóvel, mas o negócio foi uma oportunidade de proteger nosso capital”, acrescentou.

    Já o empresário Pedro Henrique Boaventura, de 39 anos, que comprou um apartamento “top house” também no Buritis, na semana passada, aliou a preocupação em não perder dinheiro durante a crise ao desejo de adaptar-se melhor, junto com a família, aos impactos da Covid-19 sobre as relações sociais e de trabalho.

    Para isso, pagou metade do valor do imóvel à vista e financiou o restante em 120 meses, em condições “bastante favoráveis” oferecidas pela Caixa. “Parece contraditório fazer algo assim, no momento que estamos vivendo, mas, tanto por questões econômicas quanto pessoais, fechei o negócio. E olha que o preço nem foi tão atrativo ou mais baixo que o normal”, contou.

  “No caso, o imóvel representa uma segurança para meu dinheiro. Além disso, é espaçoso, fica perto do meu trabalho e conta com uma boa área de lazer para mim e para meus familiares, nesses tempos de quarentena e de distanciamento social”, concluiu.

    Para aquecer ainda mais o setor, a Caixa, que responde por 70% do crédito imobiliário no país, lançou, na quinta-feira, um pacote de ações de incentivo – da implantação do registro eletrônico de escrituras ao financiamento de impostos e taxas na compra dos bens.

  “São medidas objetivas para atender as demandas do segmento, que analisamos e vimos que temos capacidade para atender matematicamente, como sempre fazemos”, disse o presidente da instituição, Pedro Guimarães.

Fonte: Hoje em Dia

12 Ago 2020

Juros baixos e isolamento social turbinam Mercado Imobiliário

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